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25 de nov. de 2016

E a felicidade, hein?




"Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora..."


Para alguns ela nem se quer existe, portanto, ao contrário do que dizia Lupicínio, nem mesmo embora ela poderia ir. Para outros ela existe sim, mas longe, distante da dura realidade que seus olhos vêem. E há aqueles que são convictamente felizes, cuja a vida é boa mesmo sem ser. Afinal de contas, e a felicidade, hein?

Não acho a felicidade algo tão distante de ser alcançada, porém, como quase tudo na vida, tem seu preço. Sim! Ela tem um valor a ser pago, e não me refiro a dinheiro, até porque sou adepto de clichês, e para mim dinheiro não compra a felicidade, mas o nosso tempo sim. Quanto você está disposto a pagar por ela?

Felicidade é coisa difícil, é romântica, gosta de atenção e é bastante sensível. Ela é carente. Ela não se deleita em braços qualquer. Ela quer ser apreciada sem moderações ou regras. Vai encarar? 

Pois é, talvez por isso, muitos a afastem de si. Felicidade é uma relação de muito compromisso, compromisso consigo. Para tê-la em seus braços, é preciso sim deixar muitas coisas de lado. Quem é feliz de verdade longe de quem ama? Ou então, que felicidade há em não saber como é a vida longe dos compromissos sociais e profissionais?

Esqueci de mencionar, ela é ciumenta. Não aceita ser dividida o tempo inteiro. Não suporta sua ausência. Por muito menos ela faz as malas e vai embora, como disse Lupicínio.

Não é difícil, mas também não é fácil. Nem tão longe, nem tão perto. Acho mesmo que nos falta coragem para assumir a relação com ela. É preciso declarar abertamente, através de gestos incompreendidos pelos não corajosos, que a felicidade veio para ficar. Coragem, pois ela pode cansar, e se ela cansar de você... nem é bom pensar!

E a felicidade, hein? Ela vai bem!


- Mateus

26 de jun. de 2016

O nosso nada


Por Fabrício Carpinejar
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal
07.06.2016


Você que vive reclamando de que não há nunca nada na geladeira era só receber a visita de um chef que ele contestaria a falta de ingredientes e prepararia um prato daquilo que nem sonhava ter. Inventaria um banquete com o que desprezava e chamava de resto.

Você que vive reclamando de que não tem roupa suficiente era só receber a visita de um estilista que ele ensinaria a misturar peças antigas com novos acessórios e encontraria uma loja absolutamente pessoal entre seus cabides.

Você que vive reclamando de que não tem tempo era só receber a visita de uma amiga com quatro filhos, trabalho, casamento e cachorros que entraria em contradição.

Se o seu filho pequeno vive reclamando do tédio e da ausência de brinquedos é só ganhar a companhia de um coleguinha para redescobrir no quarto o deslumbramento de parque de diversão.

Você que vive reclamando das dívidas do cartão de crédito é só conversar um pouco com a faxineira e perceber que ela, com muito menos, adquiriu residência própria e mantém uma longa poupança.

Você que vive reclamando de que não tem paz e não tem sorte é que não olhou bem para dentro de si e vem desdenhando da simplicidade.

Você que lamenta que não encontra ninguém para amar é só ver um ex feliz que sofre ímpetos de reconciliação. É perder um amor para valorizá-lo, é perder um emprego para sentir saudade da rotina.

Existe o hábito de procurar enriquecer quando o ideal seria enobrecer o que já possuímos.

É um erro avaliar a vida pela ambição. A ambição não cessa, não cansa, não se acomoda. Jamais estaremos satisfeitos, jamais atingiremos os nossos objetivos. Estar melhor de condições não é ser melhor nem fazer o melhor. Quem comprou um carro usado vai querer um carro zero que vai querer um carro maior e mais potente que vai querer uma Ferrari. A lamúria será uma fonte perigosa de inveja. Cobiçaremos  o posto de quem está com o cargo acima do nosso. Ficaremos com ciúme de um amigo em lua-de-mel na Europa ou de um amigo solteiro enlouquecendo em festas.

Não mergulhamos em nossa casa com a curiosidade de um hóspede, não mexemos em nossos objetos com o espanto de colecionador, não observamos a decoração com a surpresa de um estranho.

As portas dos armários e as portas da despensa são cofres onde ocultamos (não guardamos) o que conseguimos, e esquecemos de conferir na ânsia de acumular novidades.

O nosso nada pode ser tudo para o outro. O nosso nada pode esconder a felicidade.


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23 de dez. de 2011

Minha crônica de Natal!

por Mateus Goethel Cesimbra



Cá estamos nós em mais um final de ano. Muita coisa aconteceu, gente nasceu, gente morreu, e o mundo com certeza não é mais o mesmo. Em meio a esta constante roda viva, nós também nos modificamos e muitas de nossas atitudes literalmente se transformaram.

Nesta época muitas pessoas costumam refletir sobre os fatos que marcaram suas vidas, sobre o que fizeram e o que deixaram de fazer. É também nessa época que as pessoas costumam se reunir e confraternizar os encontros não encontrados do decorrer do ano que se finda. São como se fossem às duas últimas semanas da vida. É como se fossem tirar o pai da forca mesmo! Todos querem estar juntos como se isso não pudesse mais acontecer, e realmente para muitos pode ser que seja mesmo.

É uma época de muitas trocas: de amor, de carinho e até mesmo de solidariedade. Será porque as pessoas ficam com o espírito cristão mais aguçado neste período? Ou apenas pelo falso cristianismo do natal, vestido de papai Noel, imposto pelo desejo consumista? Creio que a resposta certa seria sim para a segunda questão, infelizmente! É uma pena que o verdadeiro espírito de natal (que é o nascimento de Cristo em nós todos os dias), não seja presente o ano todo nas pessoas. Se agíssemos conforme a Graça de Jesus em nós, essa fase harmoniosa do ano poderia ser real todos os dias.

Meu maior desejo mesmo é que o verdadeiro Natal possa se fazer presente em nossas vidas sempre e sempre, e que Jesus nasça em nós todos os dias. Não ousemos impedir o nascimento do amor verdadeiro, da graça e da misericórdia em nós.

Que você leitor dê espaço a Cristo em você sempre e não somente no final do ano ou da vida, o que pode ser muito tarde. Sei que talvez essa não seja a mensagem de Natal que você gostaria de ler, e nem eu, mas ela é verdadeira e com ela eu e você podemos mudar para melhor!

Deus abençoe a todos e um Natal Feliz!


17 de ago. de 2011

Casa arrumada é assim:






Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.




Carlos Drummond de Andrade



22 de set. de 2010

Quando os chatos somos nós

De Martha Medeiros


Os chatos são bem-intencionados, não se pode negar. E é justamente essa boa intenção fora da medida que faz deles… chatos.

Você conhece um chato. Ou dois. Ou meia-dúzia. E até gosta deles, viraram figuras folclóricas na sua vida. Talvez seja um cunhado, um amigo de um amigo, um colega de trabalho. Os chatos são bem-intencionados, não se pode negar. E é justamente essa boa intenção fora da medida que faz deles… chatos. O chato nada mais é que um exagerado. Ele é prestativo demais, ele é piadista demais, ele leva muito tempo para contar algo que lhe aconteceu, ele fica hooooras no telefone, ele se leva a sério além do razoável, ele ocupa o tempo dos outros com histórias que não são interessantes. O chato é, basicamente, um cara (ou uma mulher) sem timing.

Estava pensando nisso quando escutei alguém citando uma das coisas mais chatas que existe. Tive que concordar: colocar um filho pequeno no telefone pra falar com a dinda, com a vovó, com o titio, é muito chato. A gente ama aquela criança – talvez seja até o nosso filho! – mas ao telefone, esquece. Tentamos entabular um diálogo minimamente inteligível e nada rola. Ou ele não fala nada que se compreenda, ou não abre o bico, e só nos resta ficar idiotizados do outro lado da linha.

Todo mundo sabe que isso é chato. Mas todo mundo que já teve um filho comete essa mesma chatice com os outros. Por quê? Porque pai e mãe de primeira viagem são chatos por natureza. Ninguém escapa. Se não for chato, será considerado um sem-coração. Todos irão apontar: olha lá, aquele ali esconde o filho. Põe ele no telefone!

Outra chatice é mostrar 3.487 fotos do bebê. Dá nos nervos quando o filho não é nosso. Todos os bebês são iguais, menos para seus pais. Seja bem sincero: dá pra aguentar ver foto de bebê pelo celular? Basta perguntar educadamente pra alguém: e seu filhinho, vai bem? Pronto. Num segundo o celular ou iPhone será sacado e apontado direto para seus olhos: veja você mesmo.

A gente sabe que é chato, mas toleramos com sorrisos parcialmente sinceros porque faremos a mesma coisa quando chegar a nossa vez – ou já fizemos um dia. Se você passou dessa fase, segure a onda e compreenda os que ainda não passaram. Nada de reclamar. Aqui se faz, aqui se paga.

Outras chatices? Quando alguém pergunta: lembra de mim? Se está perguntando, é porque a chance é remota. Mas já não fizemos isso diante de alguém que gostaríamos muuuuito que lembrasse? E esticar as letras das palavras quando se está escrevendo? E quando a gente começa uma frase com “adivinha”. Adivinha pra onde eu vou nas próximas férias. Adivinha quem me convidou pra jantar. Adivinha com quem eu sonhei hoje.

Falando em sonho, tem coisa mais chata do que ouvir o sonho dos outros? Mas você já contou os seus. Váááárias vezes.

Agora adivinha qual o próximo exemplo que vou dar (rsrs). Precisamos mesmo colocar risadas entre parênteses para que os outros entendam nossas piadinhas cretinas?

Alguns menos, outros mais, chatos somos todos.